sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Antes da Reforma Pereira Passos (1902 a 1906), Rio de Janeiro era conhecido como "Porto sujo" e "cidade da morte"

Mauro de Bias
14/1/2013

revista de historia

Hoje o Rio de Janeiro é famoso pela bela alcunha de “Cidade Maravilhosa”, mas seu passado esconde apelidos muito menos lisonjeiros. "Porto sujo" e "cidade da morte" eram os nomes que os estrangeiros usavam para se referir à capital fluminense antes da Reforma Pereira Passos. Muitos navios passaram a evitar a Baía de Guanabara por medo. Em um episódio dramático, em 1895, 333 marinheiros do navio italiano Lombardia, que tinha 340 tripulantes, contraíram febre amarela, e 234 morreram.

As condições insalubres do Centro causavam milhares de mortes anualmente. Até a peste negra assustava no final do século XIX e começo do XX. A historiadora Eneida Queiroz, pesquisadora do período, conta que, além da peste, febre amarela, varíola, sarampo, disenteria, difteria e tuberculose eram também doenças comuns naquela época.

O governo tinha os motivos perfeitos para promover as reformas. A população da cidade crescia muito (95,8% de 1872 a 1890 e 56,3% de 1890 a 1906) devido à onda de imigração europeia e à migração de escravos recém-libertos das fazendas. A ocupação urbana acontecia de maneira desordenada, criando condições ideais para a propagação de doenças. Com mais pessoas disputando o Centro, fez-se a especulação imobiliária. Esse foi o cenário das mudanças de Pereira Passos.

Cortiços insalubres eram ambientes de proliferação de doenças no Rio de Janeiro

Começou então o famoso “bota abaixo”, com a demolição das casas e expulsão dos pobres para o subúrbio. “O problema é que essa população morava perto do trabalho. Se ela sai do Centro, fica longe. Como só a parte plana era valorizada, muita gente subiu os morros, porque assim continuava no Centro”, explica Queiroz. Foi o boom inicial das favelas do Rio.


Não se pode negar, porém, que a reforma Pereira Passos e o trabalho de Oswaldo Cruz foram eficientes na eliminação das doenças. No auge da epidemia de febre amarela, em 1894, 4.852 pessoas perderam a vida. Dez anos depois, ainda no meio do mandato do prefeito, foram 48 mortes. O número chegou a apenas quatro registros em 1908, conforme dados publicados pelo próprio Oswaldo Cruz no jornal The Times, em 1909.
“Era um discurso de sanitarismo. E a prefeitura foi incisiva. O governo caía em cima da população considerada indesejada. As doenças acabaram sim, mas não foi só pela reforma. A vacinação também ajudou bastante”, conta Queiroz. Ao menos, o Rio de Janeiro, que naquele tempo já era a imagem do Brasil no mundo, mudou sua fama. De “cidade da morte” para “Cidade Maravilhosa” já foi um grande passo.

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