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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O perfil de José Serra feito pelos americanos

Por Marcus V F Lacerda, especial para a Pública

Serra
 Telegrama obtido pelo WikiLeaks mostra o empenho do corpo diplomático americano em perfilar o pré-candidato à presidência da República

No começo de 2009, o cônsul-geral americano em São Paulo, Thomas White, ocupou-se de uma tarefa digna de Gay Talese ou Lilian Ross. Tratava-se de um perfil do então governador paulista e nome forte do PSDB na disputa presidencial, José Serra.

O produto da pesquisa é o tema central de mensagem de 11 de fevereiro daquele ano, na qual o diplomata resume a carreira, as posições político-ideológicas e diversos traços de Serra. “Serra é pessoalmente um político muito atípico com peculiaridades e interesses muito particulares”, introduz Thomas White em seu dossiê que caracteriza Serra como um “workaholic”, “insone” e “anti-social”.

O documento mostra o interesse norteamericano em detalhes sobre um dos principais candidados à sucessão de Lula.

O diplomata valeu-se de entrevistas com diversas pessoas próximas a Serra. Dentre elas estão nomes do PSDB como Paulo Renato Sousa e Aloysio Nunes, membros do secretariado serrista como Maria Elena Fuimarães, Cristina Ikonomidis e José Henrique Reis Lobo, o ex-governador Cláudio Lembo, o economista-orientador do Bradesco Honorato Barbosa, o consultor político Thiago Aragão e até Aldo Rebelo do PC do B.

“O grupo foi unânime em sua forte lealdade a Serra, suas descrições francas das qualidades antipáticas, e de sua dedicação e competência evidentes”, descreve o telegrama.

Thomas White descreve Serra como introvertido e desconfortável em eventos sociais descontraídos onde outros políticos se destacariam.

A inacessibilidade ao tucano também é abordada no texto que nota o hábito de Serra de confirmar sua presença apenas momentos antes do acontecimento. De acordo ainda com o telegrama, Serra teria causado um desconforto para o consulado canadense em 2008 durante a visita da governadora-geral do Canadá, MichaelleJean, ao Brasil. O então governador paulista teria cancelado uma reunião com a principal representante canadense no exterior um dia antes do encontro.


Interlocutor “positivo” para os EUA
A trajetória de Serra é traçada rapidamente desde a presidência da UNE nos anos 60, passando pelo exílio na Argentina e no Chile. Para White, Serra coloca-se como um sobrevivente do golpe de Pinochet em um artigo que o tucano publicou na revista americana Dissident entitulado “O outro 11 de setembro”. O cônsul ainda sublinha a relativa proximidade de Serra com outros intelectuais anti-militaristas da América Latina .

“Apesar disso, ele continuou como um economista fortemente técnico e nunca caiu em uma crítica simplista tanto ao capitalismo quanto aos Estados Unidos”, pontua o telegrama.

A posição de Serra diante do Estados Unidos é sempre colocada em cheque e contornada em seguida ao longo do texto. “Apesar de sua tendência em manter uma certa distância dos EUA, Serra pode funcionar muito bem como um interlocutor positivo dos Estados Unidos”, relata.
White que descreve a política de Serra como sendo mais intervencionista e menos ligada ao mercado que a postura tipicamente americana.


Visitas a escolas
White relata o que ouviu do assessor do ex-governador a contar que Serra ia a uma escola pública de São Paulo toda semana, principalmente escolas primárias. Estas visitas eram extra-oficiais e não contavam nem com cobertura da imprensa ou presença de alguém da secretaria de Educação. A escola a ser visitada era mantida em segredo até um dia antes da visita, quando os alunos recebiam uma biografia do então governador. Quem agilizava estas visitas era a secretaria-adjunta de Educação, Cristina Ikonomidis.

Em sala de aula, Serra transforma-se de governador workaholic e antipático em um professor de matemática carismático com os alunos. Fotos levadas por Ikonomidis aos americanos mostram um Serra sorridente e brincalhão entre as crianças. “Serra geralmente cativa os alunos com uma piada, usualmente perguntando o nome da professora e soletrando-o errado propositalmente enquanto o escreve no quadro”, descreve o telegrama.

Serra intervencionista?
Segundo a pesquisa do cônsul-geral, houve um temor no mercado financeiro de que, uma vez sendo presidente, Serra optaria por uma política econômica com maior presença do estado. José Serra já foi um defensor do intervencionismo e suas ações no Ministério da Saúde mostravam um gosto pela presença do estado. De acordo com o telegrama, muitos homens de negócios em são paulo repetiam o chavão “Serra é mais esquerdista que Lula”.

Mas Fernando Honorato Barbosa, economista do Bradesco, disse a White que Serra não teria motivos para tomar medidas intervencionistas uma vez que ele já lidaria com juros baixos por razões econômicas. “De qualquer forma, Barbosa admite que até em seu setor no Bradesco existe um debate vigente sobre o quão intervencionista Serra pode ser como presidente”, complementa White no telegrama.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Sobre o Projeto de Lei 122 e as eleições 2010

http://devir.wordpress.com/2010/10/19/sobre-o-projeto-de-lei-122-e-as-eleicoes-2010/

19 out. 2010

No ano de 2006, a deputada Iara Bernardi (filiada ao PT) propôs a alteração da lei 7716, de 5 de janeiro de 1989. A lei existente define que é considerado crime a discriminação de outro ser humano por conta de motivos tais quais cor, raça, gênero sexual e religião. A proposta da deputada Bernardi é bastante simples: adicionar o termo “orientação sexual” à lei já existente. Ou seja: não é apenas crime discriminar alguém por ser homem ou mulher, ou por motivos de coloração da pele, ou por sua religião. É crime também discriminar alguém por sua orientação sexual, seja ela homo ou heterossexual.

Aqueles que criticam o PL122 partem do pressuposto de que violência física e/ou moral já é crime por lei, logo o projeto de alteração seria uma redundância. Afiinal, se qualquer forma de violência já é um crime, por que especificar “violência contra homossexuais”?

Eu mesmo já pensei assim, e estava errado. O que eu não compreendia, na época, é que o nosso Direito tem matriz positivista e que, portanto, todos os pingos nos is devem estar bem colocados, caso contrário teremos manifestações cínicas, como no caso do Bradesco que, no passado, demitiu uma funcionária ao descobri-la lésbica. O banco contratou um advogado que declarou: “não há nada na lei que proiba uma empresa de demitir um funcionário por conta de sua orientação sexual”. Diante de casos como este, e de pessoas que não vêem “nada de mais” em agredir física ou moralmente homossexuais, é que passei a considerar as alterações propostas pelo PL122 como absolutamente necessárias.

É como a específicação clara de que racismo é crime, que vem de 1989.

Precisava dizer que racismo é crime? Não é óbvio? Humilhar um negro por conta de sua cor de pele não é passível de processo penal? Claro que é. Mas isso ficou melhor compreendido depois da clara especificação da lei. As leis contra racismo não eliminaram por completo este mal da sociedade brasileira, porém colaboraram para que determinadas coisas cessassem de ocorrer. Eu venho de Salvador, onde passei grande parte de minha juventude. Lembro-me bem que, antes de 1989, eu presenciava negros serem ofendidos recorrentemente, com termos tais quais “macaco”, “preto fedido” e outros impropérios. E isso numa cidade negra! Quem assim procedia, saia incólume, pois ninguém fazia nada. Tentem fazer isso agora.

No que tange aos homossexuais, o que se verifica é a contínua agressão moral por parte de indivíduos isolados e grupos, além de eventuais circunstâncias de agressão física meramente por conta da sexualidade do agredido. Se isso já é crime passível de punição, deveria ter o agravante de que se trata de preconceito por orientação sexual.

Os críticos do PL122 alegam que esta alteração é uma “ditadura gay”. Deliram. A alteração proposta por Bernardi trata de preconceito por orientação sexual, o que envolve também heterossexuais que eventualmente sofram preconceito. Se um empregador gay declarar, por exemplo, que no escritório dele só trabalham gays, e por conta disso demitir um hetero, o hetero também terá sido vítima de preconceito por orientação sexual.

Um dos maiores opositores ao PL122 é o pastor Silas Malafaia, que parece não ter nenhum objetivo de vida além de atacar homossexuais, chamando-os de doentes, pecadores e definindo o amor homossexual como uma anormalidade.

Sabemos perfeitamente qual a posição da Biblia a respeito da prática homossexual, e sabemos que as religiões têm o direito de defender seus dogmas. O que espanta, no caso de Malafaia, é que ele parece esquecer que existem tantas outras coisas descritas na Bíblia como sendo “pecaminosas”, como usar roupas feitas com dois tipos de tecido. Na escala dos pecados, peca tanto quem pratica atos homossexuais quanto quem, num ato heterossexual, utiliza contraceptivos – assim declara o Papa. Que o Papa está sendo coerente com suas crenças, não o nego. Assim como nenhum cristão poderá negar que vivemos num Estado Laico, e que nem todo mundo é cristão. Sendo assim, se você acha que transar com o mesmo sexo é errado, é muito simples: não faça sexo com alguém do mesmo sexo. Tentar interferir na vida privada alheia é, no mínimo, muita pretensão.

O PL122 ainda não foi aprovado, e a bancada religiosa tem muito medo dele. Alegam que, em caso de aprovação, eles não poderão mais pregar contra a prática homossexual. Dizem que estaríamos criminalizando suas crenças religiosas. Tal afirmação não procede, pois o o projeto veta a discriminação pública. Internamente, em seus respectivos templos, os pastores podem dizer o que quiserem. Ninguém irá rasgar a Bíblia por conta de suas afirmações acerca da homossexualidade.

Todavia, se a pregação se der em praça pública, um pastor poderia ser, sim, criminalizado. O que me parece justo, uma vez que praça pública não deveria ser lugar para declamações religiosas. Para isso, os religiosos já têm seus templos.

Mas como tudo isso se relaciona com as eleições 2010?

Vejamos a ordem dos acontecimentos:
1. Uma semana antes do primeiro turno, o pastor Silas Malafaia, que antes apoiava Marina [claramente apenas pelo fato de ela ser evangélica], declarou que retirava o apoio a ela e passaria a apoiar o candidato José Serra. Segundo o pastor, as posturas pessoais dela sobre aborto e união civil gay deveriam ser coerentes com suas convicções religiosas. Em suma: Malafaia acusa Marina de ser laica demais, e demonstra a que veio ao sugerir de forma explícita que o candidato ideal deve reger o Brasil a partir de fundamentos cristãos.

2. Marina demonstra espanto diante da manifestação de Malafaia, e declara o que várias pessoas, como eu, também pensaram: Marina sempre foi muito clara a este respeito. Malafaia, em tese, sempre soube da postura de Marina. Por que só resolveu se manifestar no final da campanha do primeiro turno, como se não soubesse de nada, cinicamente?

3. Descubro, a partir de contatos com pessoas que trabalham diretamente na campanha de Serra, que seu vice, Indio da Costa, procurou pelo apoio de Malafaia. Após longas conversas, eis o apoio declarado.

4. Agora pense: José Serra também defende a união civil gay e também defende a manutenção da legislação do aborto, que permite a interrupção da gravidez em caso de estupro – o que contraria as crenças de Malafaia, em que o estupro é “a priori” negado em qualquer circunstância. Neste ponto, não há diferença alguma com Marina Silva. Qual seria, então, o verdadeiro motivo que levou Malafaia a trocar Marina por Serra?

5. Surge então o “boato” de que a Malafaia foi prometido um cargo ministerial e/ou uma emissora de TV para fazer concorrência ao seu principal rival, Edir Macedo e a Igreja Universal do Reino de Deus. Várias pessoas perguntaram sobre isso ao candidato José Serra via Twitter, e ele, que geralmente responde a tudo que o interessa, ignorou supinamente tais questionamentos incessantes.

6. Desde então, Silas Malafaia passou a apoiar o candidato José Serra com toda a força, como jamais antes apoiou Marina. Ele declarou apoio a Marina por meses, mas não fez por ela nem 10% do que faz agora por Serra: fala dele sem parar em seu programa de TV; aparece no programa do candidato, pedindo voto aos fiéis evangélicos…

Dias antes de declarar apoio a Serra, Silas Malafaia “brindou” o Rio de Janeiro com o seguinte outdoor:

Sim, é isso mesmo o que você viu: Silas Malafaia acredita que homossexuais eliminarão a espécie humana. Ele se considera um cruzado da humanidade, defendendo-a contra pecadores que fazem sexo não-reprodutivo.

Você, leitor, pode alegar que Dilma também recebe apoio de Crivella e de Edir Macedo, da IURD. Mas não poderá negar que quem começou este movimento de busca por apoio de evangélicos foi José Serra. Os movimentos de receptividade de Dilma a Edir Macedo vieram em seguida ao apoio de Malafaia a Serra. Burro o PT não é, e sabia que perderia votos importantes se não tivesse também o seu pastor evangélico de estimação. E se Dilma, por política, fez acordos com Macedo, ao menos estes acordos não mudaram o fato de que o PT é e sempre foi pró-causa gay. Enquanto ocorria o comício do PT hoje (18 de outubro) no Rio de Janeiro, uma imensa bandeira do arco-íris tremulava em frente ao palco, bem visível. Recado dado.

E, além disso, devo dizer que entre Silas Malafaia e Edir Macedo, o primeiro é muito pior do que o segundo em termos de homofobia. No site da IURD, Macedo critica a prática homossexual, declara-a “pecado”, mas com um discurso muito mais ameno, lembrando que várias outras coisas são “pecado”, e que apenas Deus pode julgar. Se este discurso de Macedo é ou não sincero, ao menos é o que ele declara. Macedo parece mais interessado em arregimentar fiéis para sua igreja a partir de um discurso de “pentecostalismo da prosperidade”. Ao contrário de Malafaia, que declama um constante discurso de ódio e preconceito contra os gays e atrai seus fiéis pela retórica da demonização.

O curioso é que José Serra, enquanto pessoa, não é homofóbico. Quem o conhece, sabe que ele é favor da união civil de homossexuais, a favor da adoção por gays. Neste ponto, em nada difere de Dilma ou Marina, que se manifestaram positivamente em torno dos mesmos assuntos. O problema é que, como bem disse o presidente do PSOL em Pernambuco, Edilson Lins:

 

"Muito infelizmente, a candidatura de José Serra é o núcleo central onde orbitam os atores que patrocinam este perigoso retrocesso. Digo infelizmente por que José Serra não é um sujeito cuja história confunda-se com posicionamentos atrasados culturalmente. Digamos que ele pode até ser chamado de um liberal com certo grau progressista na
sua trajetória.


Mas Serra se dispôs a liderar, ou tolerar, uma cruzada medieval, que aglutina forças ultra-conservadoras, com o objetivo único de vencer essa eleição."

 

Sendo assim, e concordando com Edilson Lins, eu jamais poderei me arriscar a votar em José Serra para a presidência da República, considerando o alto risco de Silas Malafaia ser convidado para qualquer cargo ministerial, ou mesmo ganhar uma emissora de TV todinha para ele brincar de fazer bullying contra gays.

Além disso, a vitória do PT leva vantagem sobre a do PSDB em outro sentido: agora, o PT tem a maioria na câmara. O PL122 nunca teve tantas chances de ser aprovado!

Seguem, por fim, dois vídeos instrutivos. Vale a pena assisti-los do começo ao fim.

Um é a declaração de apoio de Silas Malafaia a Serra. Antes de declarar seu apoio, Malafaia afirma que quer ter o direito de “demitir uma babá se descobrir que ela é lésbica, pois não quer que ela passe esta orientação para seu filho” [como se homossexualidade fosse uma doença transmissível]. Se ele pensa isso de uma babá, o que dirá de um professor gay? Se uma babá é capaz de “homossexualizar” uma criança, de acordo com o pensamento dele, professores gays serão ainda mais perigosos.

O outro vídeo, eu não irei descrever. Aconchegue-se, abra um vinho, um chá, uma coca cola, ou o que quer que seja, e seja bem vindo à descoberta do imenso mal que a homofobia pode fazer a uma alma.

Vídeo 1 – Malafaia e seu apoio a Serra
http://www.youtube.com/watch?v=lcHDPtAI3uk [copie e cole em outra janela]

Vídeo 2 – A história de Anna
http://www.youtube.com/watch?v=m1C0WgjHYfo [copie e cole em outra janela]

Se mesmo depois de tudo o que eu escrevi você ainda quiser votar em José Serra, faça-o ciente de que você poderá causar um retrocesso em relação a tudo o que pode ser conquistado não apenas por seus amigos homossexuais, mas também pelos direitos humanos como um todo [lembre-se: o Projeto Nacional de Direitos Humanos é iniciativa do PT! Gostemos ou não do partido, é um fato!]. Se quiser, assuma este risco e vá fundo, mas você foi avisado, e caso Serra ganhe e Malafaia se torne repentinamente uma figura de poder no Brasil, não diga que não avisei. Se preferir mudar seu voto, como centenas de pessoas fizeram ao entender o que está por trás da candidatura de Serra, seja bem vindo: você não é “apenas” mais um. Você é o um que faltava para impedir este perigo!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Por que o PiG (*) insiste em tentar desmoralizar a Petrobrás ?

 Publicado em 18/08/2010

CA 

 
 O Conversa Afiada reproduz texto do Blog da Petrobrás: Segurança nas plataformas:cartas aos jornais.

O Conversa Afiada reproduz texto do Blog da Petrobrás:

Segurança nas plataformas:cartas aos jornais

Carta para o Estadão

A respeito da reportagem “Gabrielli admite corrosão em plataforma” (veja versão on-line), publicada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta terça-feira (17/8), a Petrobras ressalta que o presidente da Companhia, José Sergio Gabrielli de Azevedo, afirmou ontem que as plataformas da Petrobras operam em segurança, não oferecendo risco aos trabalhadores embarcados e também não oferecendo riscos em relação à integridade dos equipamentos utilizados.

“Não há nenhum risco operacional nas plataformas, não há nenhum risco à integridade das pessoas, não há nenhum risco à integridade das plataformas, nenhum risco para a atividade”, disse. A Petrobras reafirma que a plataforma P-33 já estava com parada programada para manutenção, ocasião em que possíveis problemas de conservação seriam sanados. A Companhia considera legítima a atuação dos sindicatos dos petroleiros, que encontram-se em plena campanha salarial (data-base em setembro).

 

Carta para O Globo

A respeito da reportagem “P33 na mira do Ministério Público” (veja a versão on-line), publicada nesta terça-feira (17/8), a Petrobras ressalta que o presidente da Companhia, José Sergio Gabrielli de Azevedo, afirmou ontem que as plataformas da Petrobras operam em segurança, não oferecendo risco aos trabalhadores embarcados e também não oferecendo riscos em relação à integridade dos equipamentos utilizados. “Não há nenhum risco operacional nas plataformas, não há nenhum risco à integridade das pessoas, não há nenhum risco à integridade das plataformas, nenhum risco para a atividade”, disse.

A Petrobras reafirma que a plataforma P-33 já estava com parada programada para manutenção, ocasião em que possíveis problemas de conservação serão sanados.

A Companhia considera legítima a atuação dos sindicatos dos petroleiros e informa que está em negociação com os mesmos, que encontram-se em plena campanha salarial (data-base em setembro).



Navalha










Navalha
O PiG (*) e a aliança demo-tucana perderam a batalha do pré-sal, personagem importante do programa de estréia da Dilma no horário eleitoral – clique aqui para ler “A Mãe Dilma e o Pai Lula botam o Serra no colo” e aqui para ler “Dilma bate mais na Vox Populi”.

A CPI da Petrobrás, do senador tucano Álvaro Dias, afundou antes de sair do porto.

O regime será o de “partilha” e, não, o de “concessão”, que vem do verbo “conceder” – como era no Governo Serra/FHC (ou FHC/Serra, como preferir o amigo navegante (**)).

A Petrobrás vai tomar conta do negócio.
Para bancar tudo isso, ela vai levantar dinheiro na praça, fazer uma emissão de capital.

E aí entram o PiG (*) e aliança demo-tucana liderada (hoje) por José Serra.
Investidores privados vão querer meter a mão na Petrobrás.
Reduzir o papel da União no controle da empresa e entregar uma fatia maior a alguns dos brilhantes privatizadores do regime FHC/Serra (ou Serra/FHC, como preferir o amigo navegante).

Para facilitar as coisas – e a opinião pública aceite de bom grado, como se fosse sopa no mel – é preciso desmoralizar a Petrobrás.

O PiG (*) ultimamente resolveu transformar a Petrobrás numa British Petroleum e infestar o litoral brasileiro com o petróleo que destruiu a região costeira do Golfo o México.

O campeão nessa batalha são as Organizações (?) Globo, especialmente o jornal.

Isso é mais velho que Mr Link.
Roberto Marinho, de braços dados a Roberto Campos e Assis Chateaubriand, foi sempre um dos mais ardorosos defensores do “Petróleo é Deles”.

As meios mudam.
Os fins são os mesmos.



Paulo Henrique Amorim

Bancos, PiG e Serra: todos unidos contra a Petrobrás


Publicado em 13/10/2010

CA


Eles querem tomar o pré-sal. Vender a Petrobrax




Eles querem tomar o pré-sal.

Vender a Petrobrax.

E, se não for possível, impedir que a Dilma diga que, no Governo Lula, a empresa de que ela foi Presidente do Conselho de Administração realizou a maior operação de lançamento de ações da História do Capitalismo.

Bancos.

O PiG (*).

E o Serra passaram a desconstruir a Petrobrás.

O Conversa Afiada já se perguntou: por que o Itaú e o PiG querem desconstruir a Petrobrás ?.

O Itaú é realizou uma peripécia singular.

Numa semana, o Itaú fazia parte de um restrito grupo de bancos que lançaram as ações da Petrobrás em TODO O MUNDO.

Na semana seguinte, o Itaú aciona a venda maciça de ações da Petrobrás, ao dizer que as ações da Petrobrás não valem um dólar furado.

Os teólogos do “mercado” – essa instituição com que a urubóloga Miriam Leitão se comunica em séances em Lourdes – dizem que existe uma “muralha chinesa” nos bancos: os “especialistas” que lançam as ações não falam com os “especialistas” que avaliam as ações.

Nos Estados Unidos tem muito “especialista” que foi parar na cadeia, porque pulou para o outro lado da muralha.

Essa operação baixista provocada, sobretudo, pelo Itaú nasceu de uma “inquietação” do “mercado”: as próximas denúncias da Veja de que a corrupção na Petrobrás tinha dimensões de um Paulo Preto.

Um horror !

Aí, o mercado teve medo da Veja e saiu a vender.

Na verdade, intencionalmente ou não, o gesto do Itaú coincidiu, acelerou ou anabolizou um movimento feroz no mercado de câmbio.

O investidor estrangeiro entrava, depositava a margem de garantia – às vezes não punha nem dinheiro, mas uma carta financeira – para aplicar no mercado futuro de cambio.

No mercado futuro e no cupom cambial.

Entrava com US$ 100 milhões e alavancava $ 700, $ 800 milhões de dólares.

Tudo para apostar na valorização do Real.

Em poucos dias, no fim da semana passada, essa operação movimentou US$ 20 bilhões.

O Governo correu e aumentou o IOF sobre a entrada de dinheiro estrangeiro – sobretudo americano – de 2% para 4%.

No mesmo dia, esse montão de dinheiro saiu a correr do mercado de câmbio e foi para títulos públicos.

Nessa fuga acelerada, vender a Petrobrás foi um grande negócio.

Vender Petrobrás, aplicar nos títulos do Tesouro, esperar a ação da Petrobrás desabar e comprar ela baratinha.

Enquanto isso, ficar aqui, na moita, atrás do biombo da Petrobrás, sem pagar IOF.

Ou seja, com o movimento de proteção do Governo brasileiro, que aumentou o IOF, o especulador encontrou um bom instrumento para se proteger e esperar a valorização do Real.

E esperar a queda das ações da Petrobrás – por causa da Veja …

Foi uma tacada de mestre.

Derruba as ações da Petrobrás.

Desmoraliza a Petrobrás.

Não deixa a Dilma citar a Petrobrás.

Espera a valorização do Real.

E dá uma mãozinha ao Serra.

O Serra, como se sabe, espera a Cápsula Fênix 2 para sair do buraco.

Essa foi uma tentativa.

Falta combinar com o Governo brasileiro.

Que não vai ficar em 4% de IOF.


Paulo Henrique Amorim

Cartas do presidente da Petrobras ao blog de Miriam Leitão


Petrobras

15 de outubro de 2010

 


Veja a nova carta enviada pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, à Miriam Leitão.  Leia o post Gabrielli em carta que me mandou: “Afirmo e reafirmo”, publicado nesta sexta-feira (15/10) no blog da colunista.
“Prezada Miriam,

Da Terra e não da Lua vão alguns comentários meus sobre sua coluna publicada hoje (15/10) no Globo para fins de esclarecimentos. Tentarei me ater exclusivamente as suas opiniões substantivas sobre a Petrobras, deixando os adjetivos de lado:

‘A Petrobras perdeu quase $100 bilhões de valor’. É verdade, como resultado de vários fatores como a crise internacional que desvalorizou muitos ativos, o desastre do Golfo do México, que afetou especialmente as empresas de petróleo, a demora da conclusão da capitalização devido à complexidade do processo eleitoral, e necessidade de manter a operação estritamente de acordo com as regras legais pertinentes. Dificilmente pode-se atribuir essa queda especialmente à atuação da direção da Companhia. Ao contrário, o sucesso da capitalização, além da participação do Governo e entidades relacionadas com uma demanda privada muito superior a oferta disponível de ações, mostra que o mercado acredita nas perspectivas futuras da empresa. Você, mesmo a contragosto, concorda que ‘ao ser capitalizada, principalmente com recursos da União, ela melhorou um pouco o desempenho’.

‘Está sendo mal avaliada em relatórios de bancos’. Você sabe que os relatórios dos analistas apontam para preços-alvo das ações nos próximos 12 meses e perspectivas de ganhos em relação à media do mercado. Eles não estã ‘julgando’ a gestão da Companhia, estão avaliando as possibilidades dos ativos geridos permitirem retornos adequados no horizonte de tempo que são relevantes para eles. Dois tipos de análises foram publicados. A maioria absoluta dos analistas ajustou tecnicamente o preço-alvo das ações, levando em consideração que o número de ações colocadas no mercado é muito maior depois da capitalização e portanto os preços unitários precisariam necessariamente ser reajustados. Uma minoria de acionistas alterou a recomendação sobre as ações de sugestões de compra porque elas poderiam ter um comportamento melhor do que o conjunto do mercado, para uma posição ajustada ao comportamento médio do mercado. O problema não é de mal ou bem. É uma avaliação relativa ao conjunto de ações disponíveis no mercado.

‘É a única ação que perde do Bovespa em um ano’. Difícil superar o índice do mercado brasileiro com as circunstâncias específicas mencionadas no primeiro tópico, especialmente o longo processo de capitalização, que manteve uma âncora sobre o preço das ações da companhia na maior parte do tempo considerado. O comportamento desses preços posteriormente à finalização da operação é bastante positivo considerando-se o tamanho da operação e a intensa volatilidade esperada em transações desse tipo nos dias posteriores à sua conclusão. As ações da Petrobras tiveram uma convergência para a estabilidade mais rápido do que o esperado, à exceção dos dias 6 e 7 da semana anterior quando as mudanças da tributação (IOF) sobre as aplicações de renda fixa dos estrangeiros provocou intensas movimentações de carteira, saindo das aplicações de renda variável, como as ações da Petrobras para outras aplicações, evitando a necessidade do pagamento dos 2% adicionais de impostos sobre movimentações financeiras. A intensa venda das ações baixou os seus preços, no meio de uma onda de boatos criminosamente espalhados sobre as revistas do final de semana e denúncias falsas contra a Petrobras.

‘Tem suas reservas em águas profundas, área em que no mundo inteiro estão sendo reavaliadas as normas de segurança’. É verdade que a Petrobras é a maior operadora de águas profundas do mundo. Operamos 20% da produção em campos com mais de 300 metros de lâmina de água (a segunda empresa opera 13%) e temos 45 unidades em operação (a segunda tem 15). Também é verdade que nossos procedimentos operacionais de segurança são muito mais rígidos do que outros e que a legislação brasileira já é mais rigorosa do que outras. Sempre afirmamos que há espaço para melhorar, e que os acidentes podem ser evitados pela disciplina operacional, adoção de procedimentos preventivos e rigidez nos compromissos com a segurança. Concordamos que as melhorias podem vir de novas ferramentas e técnicas para a contenção e recolhimentos de eventuais desastres e o fato de estarmos confiantes na nossa capacidade não pode levar ao desprezo sobre essas questões. Sempre reafirmamos nosso compromisso com a segurança em primeiro lugar.

Em relação à partilha e concessão já apresentei minha posição em carta anterior.
Tentando ser o mais objetivo possível espero ter contribuído salutarmente para o debate de assuntos relevantes para o futuro da Petrobras e para o seu presente.
Saudações,
José Sergio Gabrielli de Azevedo”


Leia também a primeira carta enviada à colunista.
“Miriam, respeito profundamente o direito de opinião, divergências e controvérsias. Justamente por isso, em relação à sua coluna de hoje, em que sou chamado de lunático e negligente com as funções de Presidente da Petrobras, acusando-me de atuar exclusivamente de forma política eleitoral, gostaria de convidá-la para um debate dos méritos de minhas afirmações, além dos adjetivos.

Vamos aos fatos:
Afirmei que a área exploratória da Petrobras estava sendo reduzida por limitações na ação da empresa na aquisição de novos blocos de exploração e que isso seria mortal para uma empresa que vive do crescimento orgânico de suas reservas, principalmente através de novas descobertas. Disse e reafirmo que isso mataria a Companhia por inanição se essa política não fosse revertida, como o CA e a Diretoria da empresa assim o fizeram a partir de 2003.

Afirmei e reafirmo que os investimentos em refino estavam limitados por decisões estratégicas à época do presidente FHC. Considerado negócio de baixa rentabilidade, o refino no governo FHC teve estímulo para parcerias para ser desmembrado para potencial venda de suas partes. Essa visão foi revertida com o presidente Lula. Consideramos que a integração da produção de petróleo e o refino é fundamental para o fortalecimento da Petrobras, que tem mais de 85% de suas receitas provenientes das vendas de derivados de petróleo ao mercado brasileiro. No sistema integrado, a maior parte do refino pertence à Petrobras e, portanto, o crescimento desse mercado é estratégico para o desenvolvimento e sustentabilidade da própria Companhia. Revertemos o ciclo de estagnação do investimento em refino e planejamos construir cinco novas refinarias nos próximos anos.

Afirmei e reafirmo que a Engenharia e o sistema de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa (principalmente o Cenpes) estavam inibidos no seu crescimento por uma falsa ilusão de que o mercado poderia fornecer as soluções tecnológicas necessárias para enfrentar os desafios de uma atividade como a nossa, na qual o conhecimento é vital para a sustentabilidade do crescimento. Felizmente, essa política também foi revertida desde os tempos de José Eduardo Dutra na Presidência da Petrobras, com o reerguimento da importância da engenharia e da pesquisa desenvolvidos internamente, o que impediu a continuidade de mais um elemento da morte por inanição que a orientação da DE anterior levaria a empresa.

Afirmei e reafirmo que parte dos programas de termoelétricas era extremamente nocivo à Petrobras. Inquestionável que todos os ônus ficavam com a Petrobras e os benefícios eram repassados para os sócios privados. A Diretoria dos últimos oito anos reverteu esse processo e as termoelétricas hoje apresentam riscos e benefícios justos para a empresa que investiu na construção de um importante parque gerador no País.

Afirmei e reafirmo a ausência da Petrobras na área dos biocombustíveis. A Petrobras Biocombustível é a prova do sucesso da reversão dessa política.

Afirmei e reafirmo que a exacerbação do conceito de unidades de negócio, como forma básica de organização da empresa, levaria a uma perda de sinergia do sistema corporativo, fragmentando sua ação, criando condições para a repartição do sistema em unidades isoladas mais facilmente privatizáveis. A Diretoria da Petrobras nos últimos oito anos fortaleceu o sistema, em lugar das partes, enfatizou a atuação sistêmica e agora avança na separação das unidades de operação dos ativos em relação às unidades que são responsáveis pela implantação dos novos projetos, uma vez que a empresa aumentou exponencialmente seus investimentos.

Afirmei e reafirmo que o regime de concessões aplicado a áreas de baixo risco exploratório, como é o Pré-Sal brasileiro, implica maior parcela da renda petroleira às empresas que aí investirem. Defendo que o regime de partilha de produção para esses casos permite uma melhor repartição dessa renda futura com o Estado e, portanto, é socialmente mais justa. Nesse sentido, a defesa do regime atual para as áreas do Pré-Sal é, em certa medida, a defesa de sua privatização sim.

Esses foram meus argumentos. Poderia ter falado da preparação para a privatização das fábricas de fertilizantes (Fafens), da política ofensiva aos movimentos sindicais dos petroleiros, da internacionalização equivocada, das políticas de patrocínios sociais, culturais e ambientais sem critérios e sem transparência, e outras ações que indicavam a orientação do governo do presidente FHC para preparar a privatização da empresa.

Você pode discordar de cada ponto por mim tratado, mas não pode desqualificar apenas com adjetivos e contextualização exclusivamente eleitoral. O que discuti foram pontos relevantes para a gestão da maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo, que tem desafios gigantescos para implementar um dos maiores programas de investimento do planeta.

Miriam, a defesa do fortalecimento da Petrobras não pode ser classificada como negligência em relação às tarefas do seu presidente. Ao contrário, defender esses princípios é parte inerente e importante da função que exerço.

Muito obrigado.
José Sergio Gabrielli de Azevedo”


27 respostas para “Cartas do presidente da Petrobras ao blog de Miriam Leitão”

  1. Assis Pereira disse:
    Todos que conviveram na gestão FHC sabem que o ex-presidente foi obrigado a fazer declaração que não pretendia privatizar a Petrobras, que serviu como uma “Cortina de Fumaça” para seu principal objetivo de privatização generalizada no pais em seu governo. Naquele momento, o mais preponderante fora a privatização do sietma Telebrás, sob o comando do seu Ministro de planejamento, José Serra, Mendonça de Barros e do Daniel Dantas do grupo Oportunity e outros comparsas, além de seu genro David Zilbenstarj. Com esta prática, privatizaram a preços de Banana a TELEBRAS, VALE DO RIO DOCE, DIVERSAS ESTATAIS DE ENERGIA ELÉTRICA, BANCOS alem de decretar o fim da NUCLEBRAS. Mesmo assim, naquele instante, o ex-presidente FHC articulou com sua turma, uma forma de privatizar mais adiante a Petrobras, e para tanto determinou mudanças na Estatal, criando para a PETROBRAS, diversas subsidiárias e subdividindo-a em diversas Unidades de Negócios para tal propósito. Portanto, o que falou o Presidente da Petrobras a Coluna de Miriam Leitão, não deve ser desconsiderado como pretende em sua matéria.

  2. Camilo Porto disse:
    ‘A empresa perdeu mais de U$ 100 bilhões em valor de mercado’…. ‘No dia 22 de maio de 2008, o valor de mercado da Petrobras era US$ 309 bilhões. No mês passado, chegou a valer APENAS (grifo nosso) US$ 146 bi…’. A anta não vê que, segundo a consultoria Economatica (citada por ela mesma), o valor de mercado da Petrobras, em 2002 (final do governo do Patrão dela) era de APENAS US$ 15,4 bilhões. Para efeitos de comparação, em 2009, AUGE da crise mundial, a Petrobrás lucro APENAS U$ 15,5 BILHÕÕÕÕÕEEESS!!!! Já dava para comprar outra Petrobras da época!!! Até cego reconhece o crescimento da Petrobras. E quem acha que a Petrobras é uma má empresa para investir, ótimo, sobra mais ações para mim….

  3. Manoel disse:
    PARABENS PELA RESPOSTA,SR.PRESIDENTE. ATAQUES DESTE TIPO MOSTRAM UMA MIRIAM CONDICIONADA AS ORIENTAÇÕES DO PATRÃO(SISTEMA GLOBO DE TELEVISAO).LAMENTAVEL ATITUDE DESTA COMENTARISTA.

  4. Auderi Fernandes de Brito disse:
    Acho extremamente ABSURDO a existência de pessoas com opinião igual a essa da Miriam Leitão, totalmente favorável ao desmonte de seu país e é mesmo com letras minusculas porque dela tem que ser mesmo pequeno, pois o meu PAÍS precisa de pessoas; tipo LULA, que AMEM este País. Vou relembrar uma frase muito usada num passado que não quero mais que volte: AME-O OU DEIXE-O.

 

 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Eleições de 2010 - Serra tira os sapatinhos para os EUA

por Altamiro Borges, em seu blog

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O presidenciável demotucano José Serra vai aos poucos soltando suas asinhas. Quando sua pré-candidatura foi oficializada, no início de abril, ele se fingiu de bonzinho. Evitando se confrontar com a alta popularidade do presidente Lula, afirmou que manteria o que há de positivo no atual governo e lançou o bordão adocicado “O Brasil pode mais” – que logo foi encampado pela TV Globo numa desastrada propaganda subliminar. Mas o “Serrinha paz e amor” não se sustenta. É pura estratégia eleitoral, coisa de marqueteiro esperto para embalar um produto falsificado.

Na semana passada, num evento com empresários de Minas Gerais, José Serra começou a fazer a demarcação dos projetos em disputa da eleição de outubro. Ele criticou o Plano de Aceleração do Crescimento, o que reforça a confissão à revista Veja do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o PAC será extinto.

Também afirmou que irá “rever o papel” do BNDES. O que chamou a atenção no seu discurso, porém, foi o ataque ao Mercosul. Para ele, o bloco regional “atrapalha as relações comerciais do Brasil”. O discurso deve ter agradado aos seus amos dos EUA.


“Alinhamento automático” com o império

De há muito que a política externa do presidente Lula, mais altiva e ativa na defesa da soberania nacional, é motivo de duras críticas da oposição neoliberal-conservadora. Os demotucanos nunca engoliram a prioridade dada ao Mercosul e à integração regional; tentaram sabotar o ingresso da Venezuela no bloco regional e são inimigos declarados dos governos progressistas da região; não se pronunciaram contra o golpe militar em Honduras, mas condenaram o governo por dar abrigo ao presidente deposto. Para eles, como revela José Serra, a integração latino-americana atrapalha.

Presença nauseante nos telejornais da Globo e nas páginas dos jornalões e revistonas direitistas, os embaixadores tucanos Celso Lafer, Rubens Barbosa e Luiz Felipe Lampreia sempre pregaram o retorno à política de FHC do “alinhamento automático” com os EUA. No episódio recente da ameaça do governo Lula de retaliar produtos ianques em oposição ao seu protecionismo, alguns deles saíram em defesa dos EUA. Eles temem qualquer postura mais soberana diante do império. São contra a política de diversificação comercial do Brasil, contra a ênfase nas relações Sul-Sul.


Complexo de vira-lata dos demotucanos

Este é o time do candidato José Serra. Essa é a sua orientação para a política externa. Na prática, a oposição neoliberal-conservadora sonha com o retorno ao “alinhamento automático”. Mercosul e outras iniciativas visando quebrar o unilateralismo imperial seriam enterradas com a eleição do demotucano. O Brasil regrediria para o triste período de FHC, de total subserviência às potências capitalistas – do complexo de “vira-lata”. Serra tenta se afastar da imagem desgastada de FHC, mas sua política externa seria idêntica – não como farsa, mas como tragédia no mundo atual.

Para entender o que representaria este retrocesso vale a pena ler o livro “As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004)”, do renomado historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira. Ele comprova, com farta documentação, como a política externa regrediu nos oito anos de reinado de FHC. Neste período nefasto, o país só não aderiu ao tratado neocolonial dos EUA, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), devido à reação da sociedade. Esta resistência também evitou que Alcântara, no Maranhão, virasse uma base militar ianque.


Tratamento humilhante para o Brasil

Entre outros casos vexatórios da política de FHC, Moniz Bandeira relata a sumária exoneração do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty, por este ter alertado o governo para os graves riscos da Alca. Cita a atitude acovardada do ex-ministro Celso Lafer diante das pressões dos EUA para afastar o embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), ligada à ONU, por este ter tentado evitar a guerra genocida no Iraque. Lembra ainda os discursos do ex-ministro de FHC propondo a participação do Brasil no genocídio no Iraque com base no draconiano Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

O ápice dessa postura subserviente se deu quando o diplomata aceitou tirar seus sapatinhos nos aeroportos dos EUA. “Em 31 de janeiro de 2002, Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do Brasil, sujeitou-se a tirar os sapatos e ficar descalço, a fim de ser revistado por seguranças do aeroporto, ao desembarcar em Miami. Esse desaire, ele novamente aceitou antes de tomar o avião para Washington, e mais uma vez desrespeitou a si próprio e desonrou não apenas o cargo de ministro, como também o governo ao qual servia. E, ao desembarcar em Nova York, voltou a tirar os sapatos, submetendo-se, pela terceira vez, ao mesmo tratamento humilhante”.


Subserviência ou soberania nacional?

Com base nas suas pesquisas, Moniz Bandeira garante que a eleição de Lula deu início a uma guinada na política externa, retomando a trajetória seguida por Vargas e outros nacionalistas. Ele lembra os discursos do então candidato contra a Alca, a indicação de Celso Amorim e de Samuel Pinheiro para o seu Ministério de Relações Exteriores, a prioridade às negociações do Mercosul, os esforços para a construção de um bloco regional sul-americano e a frenética investida na diversificação das relações com outros países em desenvolvimento – como China, Índia e Rússia. Cita ainda os duros discursos contra a ocupação do Iraque e o veto à base ianque em Alcântara.

Para o autor, após a longa fase de subserviência ao império, as relações do Brasil com os EUA voltaram a ficar tensas. Ele registra os vários discursos hidrófobos da direita estadunidense e não descarta manobras ardilosas e violentas para sabotar o atual projeto de autonomia nacional. Mas se mostra confiante na habilidade e ousadia da atual equipe do Itamaraty. Reproduzindo artigo do jornal O Globo, ele afirma que “há tempos (Celso Amorim) avisou a embaixadora dos EUA que não há força no mundo capaz de fazê-lo tirar os sapatos durante a revista de segurança dos aeroportos americanos. ‘Vou preso, mas não tiro o sapato’”. Conforme indica Moniz Bandeira, este é o dilema do Brasil na atualidade: subserviência ou soberania nacional?

sábado, 15 de dezembro de 2012

Marilena Chaui - fala de Serra

 1: Serra é ameaça à democracia e aos direitos sociais


  2: Serra ameaça liberdade de expressão e de imprensa


  3: Serra é uma ameaça para o meio ambiente 

 

  4: por que precisamos eleger Dilma presidente 

 

Discurso de Leonardo Boff e Chico Buarque no ato de intelectuais e artistas

em plena campanha para a presidência de 2010, Leonardo Boff pergunta:

Como entregar o país na mão de pessoas que sentem aversão até dos seus?

O que é realmente uma verdadeira Revolução?

Aqui está o depoimento de um homem que eu aprendi admirar e respeitar...

Um homem íntegro
Um homem à frente de seu tempo
Um homem de caráter...


Aqui está com todas as Letras
o que muitos falaram esse tempo todo


esse discurso é realmente emocionante e contundente



Este é o GRANDE LEONARDO BOFF, que foi obrigado a calar e parar de escrever por ordem do Vaticano... o pai da Teologia da Libertação.

Abraços Dilmistas, Lulistas e Petistas !





‘blogs sujos’ - A blogofobia de José Serra

 
 
A blogosfera e as redes sociais são o calcanhar de Aquiles de José Serra, e não é de agora. Na campanha eleitoral de 2010, o tucano experimentou, pela primeira vez, o gosto amargo da quebra da hegemonia da mídia que o apóia – toda a velha mídia, incluindo os jornalões, as Organizações Globo e afins. O marco zero desse processo foi a desconstrução imediata, online, da farsa da bolinha de papel na careca do tucano, naquele mesmo ano, talvez a ação mais vexatória da relação imprensa/política desde a edição do debate Collor x Lula, em 1989, pela TV Globo. Aliás, não houvesse a internet, o que restaria do episódio do “atentado” ao candidato tucano seria a versão risível e jornalisticamente degradante do ataque do rolo de fita crepe montado às pressas pelo Jornal Nacional, à custa da inesquecível performance do perito Ricardo Molina.
A blogosfera e as redes sociais são o calcanhar de Aquiles de José Serra, e não é de agora

A repercussão desse desmonte midiático na rede mundial de computadores acendeu o sinal amarelo nas campanhas de marketing do PSDB, mas não o suficiente para se bolar uma solução competente nas hostes tucanas.

Desmascarado em 2010, Serra reagiu mal, chamou os blogueiros que lhe faziam oposição de “sujos”, o que, como tudo o mais na internet, virou motivo de piada e gerou um efeito reverso. Ser “sujo” passou a ser um mérito na blogosfera em contraposição aos blogueiros “limpinhos” instalados nos conglomerados de mídia, a replicar como papagaios o discurso e as diatribes dos patrões, todos, aliás, alinhados à campanha de Serra.

Ainda em 2010, Serra tentou montar uma tropa de trolls na internet comandada pelo tucano Eduardo Graeff, ex-secretário-geral do governo Fernando Henrique Cardoso. Este exército de brucutus, organizado de forma primária na rede, foi facilmente desarticulado, primeiro, por uma reportagem de CartaCapital, depois, por uma investigação do Tijolaço.com, blog noticioso, atualmente desativado, do ministro Brizola Neto, do Trabalho.

Desde então, a única estratégia possível para José Serra foi a de desqualificar a atuação da blogosfera a partir da acusação, iniciada por alguns acólitos ainda mantidos por ele nas redações, de que os blogueiros “sujos” são financiados pelo governo do PT para injuriá-lo. Tenta, assim, generalizar para todo o movimento de blogs uma realidade de poucos, pouquíssimos blogueiros que conseguiram montar um esquema comercial minimamente viável e, é preciso que se diga, absolutamente legítimo.

Nos encontros nacionais e regionais de blogueiros dos quais participo, há pelo menos três anos, costumo dar boas risadas com a rapaziada da blogosfera que enfrenta sozinha coronéis da política e o Poder Judiciário sobre essa acusação de financiamento estatal. Como 99% dos chamados blogueiros progressistas (de esquerda, os “sujos”) se bancam pelo próprio bolso, e com muita dificuldade, essa discussão soa não somente surreal, mas intelectualmente desonesta. Isso porque nada é mais financiado por propaganda governamental e estatal do que a velha mídia nacional, esta mesma que perfila incondicionalmente com Serra e para ele produz, não raramente, óbvias reportagens manipuladas. Sem a propaganda oficial do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobras, todos esses gigantes que se unem para defender a liberdade de imprensa e expressão nos convescotes do Instituto Millenium estariam mendigando patrocínio de açougues e padarias de bairro para sobreviver.

Como nunca conseguiu quebrar a espinha dorsal da blogosfera e é um fiasco quando atua nas redes sociais, a turma de Serra tenta emplacar, agora, a pecha de “nazista” naqueles que antes chamou de “sujo”. 
É uma estratégia tão primária que às vezes duvido que tenha sido bolada por adultos.

Um candidato de direita, apoiado pelos setores mais reacionários, homofóbicos, racistas e conservadores da sociedade brasileira a chamar seus opositores de nazistas. Antes fosse só uma piada de mau gosto.
 
 

Carta Aberta De Carlos Moura, com carinho, para Noblat

publicada terça-feira, 26/10/2010 às 17:57 e atualizada terça-feira, 26/10/2010 às 18:36


Publico a carta aberta de Carlos Moura (aposentado, fotógrafo, redator de jornal de interior, sócio de uma pequena editora de livros clássicos e coordenador da Ação da Cidadania em Além Paraíba-MG) para o jornalista de “O Globo” Ricardo Noblat.
===

Noblat
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria,  jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior  rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a  dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita  (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.  A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas   e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar”  a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia”  do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História.  E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia  de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça,  sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado,  a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG

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