Por Marcus V F Lacerda
De acordo com a mensagem de 18 de dezembro, partidários juntos a
Aécio garantiam que, apesar das esperanças do partido, o mineiro não
estaria interessado em ser vice na chapa de Serra. O telegrama
originário de Brasília notifica a Washington a desistência de Aécio à
candidatura para presidente que havia sido anunciada por ele no dia
anterior em uma conferência de imprensa.
Apesar disso, analistas
paulistas e deputados do partido em Brasília acreditavam que Aécio
poderia ser dissuadido a ser o segundo homem na frente tucana à
presidência. Já analistas do Rio de Janeiro, acreditavam que Aécio
poderia aparecer como o “cavaleiro branco” do PSDB caso a campanha de
Serra não vingasse no início de 2010.
“Não é prudente descartar a possibilidade de que Neves possa ser
levado à posição de vice presidente”, comenta o telegrama. Para os
americanos, Aécio detinha um “star power” advindo de seu parentesco
direto com Tancredo Neves, da sua popularidade nacional e dentro de
Minas Gerais além de seu “carisma jovial”. Dentro do comentário ainda,
os diplomatas confabulam um cenário onde a vitória de uma chapa
Serra-Neves serviria de base para negociações para uma campanha de Aécio
em 2014 com forte apoio do PSDB.
Contatos dos diplomatas de Minas e São Paulo concordavam que devido
ao desempenho inferior de Aécio nas pesquisas em comparação com Serra,
ele teria decidido em deixar a candidatura em face do pouco tempo para
alavancar apoio para uma campanha de sucesso.
Pouco menos de dois meses antes, em telegrama de 23 de outubro de
2009 do Consulado Americano no Rio de Janeiro descreve conversa de
diplomata americano com o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
Procurado pelos americanos para esclarecer a campanha de seu partido
para a presidência em 2010, o mineiro respondeu que ele e José Serra
estavam sendo cuidadosos para não se exporem demais ou causarem um
conflito dentro do próprio PSDB como havia ocorrido em 2006 entre os
grupos do partido ligados a Serra e Alckmin.
Ainda de acordo com Aécio, o nome do candidato do partido seria
decidido em uma reunião do partido em janeiro do ano seguinte. “Neves
não deixou dúvidas de que ele não esperaria além desse ponto”, relata o
telegrama que comentou o otimismo de Aécio na disputa de seu partido
contra Dilma Rousseff.
O político mineiro disse aos americanos que achava difícil que a
então provável candidata petista saísse da marca dos 30% na qual ela
estaria estancada. Para Aécio, qualquer avanço dela dependeria mais da
capacidade de Dilma em vender sua candidatura ao público que da
popularidade de Lula ou da “máquina do PT”.
Para os americanos, Aécio
partia do fato da atual presidente nunca ter disputado um cargo como a
principal fraqueza na campanha petista.

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